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11ª bienal de arquitetura de sp

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nov. de 2017

alhos e bugalhos

Trocar alhos por bugalhos?

Trocar alhos por bugalhos... essa quem dizia era a minha avó, quando se fazia uma troca em que ninguém levava vantagem sobre o outro, quando a troca havia dado na mesma, ou seja, zero a zero! Mas o fato é que essas trocas dos meus avós e essa experiência que tive a chance de participar jamais ficaram no zero a zero.

— Tiago Kinzári

A expedição alhos e bugalhos fez parte da programação da 11ª Bienal de Arquitetura de São Paulo e buscou criar uma aproximação com a comunidade do entorno do Sesc Campo Limpo,  levantando as possibilidades de intercâmbio e oferecimento de serviço ou saber, a fim de configurar uma feira de trocas tecendo relações com as pessoas a partir dessa experiência.

 

Foram apenas dois dias de atividades e de um intenso trabalho de encontro e compartilhamento. Após delimitar o percurso que atravessaria a comunidade de dois bairros vizinhos ao Sesc, Vila das Belezas e Parque Arariba, e buscando uma aproximação e abordagem dos diferentes moradores e profissionais em suas atividades cotidianas no bairro, levantamos, num primeiro circuito, informações, histórias e opiniões da comunidade sobre a possibilidade de participarem de uma Feira de Trocas, a se realizar no dia seguinte. Nesse momento, solicitamos doações de objetos pessoais, produtos ou qualquer coisa que, por acaso, estivesse sem uso, mas que poderia ser útil para outra pessoa.

Diante das várias adesões à proposta, programamos nosso retorno na parte da tarde, refazendo o mesmo circuito, mas dessa vez munidos de um carrinho “customizado” com a identidade do evento, para que pudéssemos realizar a coleta das doações e, com um convite impresso com local e horário, propor oficialmente o acontecimento da Feira de Trocas. As doações, enfim, se proliferaram demonstrando um surpreendente acolhimento para o projeto e revelando a imensa generosidade de todos que se dispuseram a participar. Contanto com as respostas espontâneas, seja de acolhimento, recusa ou indiferença, conseguimos afinal encher o primeiro carrinho e, com a doação de um outro, completar o percurso. Levamos conosco por volta de 35 itens, entre roupas, sapatos, um aquecedor, um barril de madeira, uma capa de chuva, dois troféus, uma pintura, um carrinho de feira, uma panela elétrica... Com esses objetos, no segundo dia pudemos montar uma mesa de artefatos muitíssimo variada, em que, no lugar de enfatizar preços dos itens, destacamos os nomes daqueles que os doaram. Assim abrimos nossa Feira de Trocas. 

Com o acontecimento da feira muitos questionamentos foram se desdobrando, convocando a pensar sobre o sentido da doação e dos valores de uso e de troca de bens, ou quanto vale aquilo que desejamos e aquilo que queremos descartar, quais as equivalências possíveis entre objetos num momento de troca. Nesse sentido, o desafio enfrentado foi a naturalização das negociações pautadas exclusivamente por trocas comerciais que têm o capital como único mediador possível para regular valores, o que foi problematizado na feira a partir da estratégia da troca. As formas de aquisição, consumo e apropriação que dominam nossa cultura foram experimentadas através da inusitada instituição de uma operação há muito esquecida:  o escambo, que neste caso se coloca como opção contra-hegemônica e questionadora.

Participantes:

Elisa Campos. Nathaly Ferreira Silva.

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