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abril de 2016

linha 4031:
retorno à vila oásis

Modos de usar

(1) Reunir o grupo na Praça Sete de Setembro, marco zero da cidade de Belo Horizonte;

(2) Decidir no cara e coroa a direção a ser tomada;

(3) Dirigir-se ao ponto de

ônibus correspondente;

(4) Pegar o primeiro ônibus que passar no ponto.

Poucos dias antes do início da expedição, nós, do grupo leve, determinamos que partiríamos do marco zero do hipercentro de Belo Horizonte: a praça Sete de Setembro, localizada no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Amazonas, local de trânsito intenso e que, diariamente, é passagem obrigatória de milhares de pessoas. Tendo como proposta uma deriva ao acaso, nosso método foi o sorteio da direção que deveríamos seguir a partir da Praça Sete por “cara e coroa”. Após o sorteio, seguiríamos o percurso e subiríamos no primeiro ônibus que cruzasse o nosso caminho. Jogada a moeda, nosso destino foi embarcar na linha 4031 – Santa Maria/Hospitais.

Como uma experiência feita às cegas, o grupo apreciou com curiosidade o percurso, registrando-o, cada qual à sua maneira. Tratava-se, pois, de uma aproximação às proposições situacionistas de deriva, partindo em direção ao desconhecido com o olhar de um infante que (re)conhece tudo com surpresa. Foi, entretanto, no encontro com os passageiros que entravam e saiam e com o descortinar do caminho, que foi se revelando aos poucos nossa aproximação em direção ao local tantas vezes já explorado pelo leve, em outras configurações e ações do grupo. Como que puxados por inesperado magnetismo, nos demos conta de que o ponto final se localizava exatamente no bairro Santa Maria, em frente à já famosa Vila Oásis.

Os participantes do grupo reconheceram ali o mesmo local que havia sido a eles apresentado através de fotos, no encontro de planejamento da expedição. Um trecho de cidade descoberto pelos primeiros membros do grupo leve, em 2013, que recebeu o apelido de Vila Oásis em função da especulação imobiliária anunciada através de propagandas da iminente instalação de um condomínio de alto padrão na região. Reconhecida a recorrência do lugar, evidenciou-se mesmo assim o encantamento proporcionado pelo acaso e pela ainda surpreendente localidade.

leve: linha 4031

A parada de ônibus em que saltamos fica numa praça no centro da cidade de Contagem, em plena Av. Amazonas, localizada próxima à Vila Oásis. Partimos dessa praça, atravessamos a passarela sobre a Av. Amazonas, passamos pela fábrica da Vilma e, logo atrás dela, encontramos o antigo desvio de trem que já levou, no passado, materiais e produtos às lojas e indústrias da região. Atualmente abandonado, este acesso não parece ser de uso continuado e hoje é frequentado por moradores de rua e usuários de drogas. Com isso, a região é repleta de vestígios dessas ocupações passageiras, momentâneas, mas frequentes. Atrás de galpões e banheiros de uma antiga indústria, vê-se um espaço longilíneo seccionado pelo trajeto de trilhos enferrujados. A desocupação do lugar e sua precarização trazem uma sensação de não pertencimento e insegurança.

Configurando um corredor amplo, bordeado por muros e cercas, é todo tomado por vegetação e pelos restos de seu uso precáriol, fazendo aguçar nossos sentidos ao vislumbrarmos seus movimentos clandestinos que abrem reflexões e possibilidades infinitas de fabulação. Souvenires foram levados por cada membro do leve que ali esteve, sejam fotos retiradas da efemeridade daquele momento de encontro ou por pequenos objetos encontrados, recolhidos, levados ou simplesmente observados para serem em seguida abandonados novamente na paisagem, retornando-os ao fluxo do tempo, entregando-os a possibilidade de outro olhar.

Participantes:

Armando Queiroz. Diego Luan. Elisa Campos. Frederico Caiafa. Ingrid Sa Lee. Isadora Bellavinha. José Lara. Lais Ferreira. Laura Berbert. Leonardo Dutra. Leticia Grandinetti. Marcelino Peixoto. Mariana Paz. Mônica Vaz. Nélio Costa. Rafael Sodré. Sávio Reale.  Thálita Motta.

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